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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Flores Raras

 Filme recria ambientes da década de 50 e 60

Quem já foi ao cinema assistir a “Flores Raras” teve a oportunidade voltar 60 anos no tempo e conhecer melhor o Rio de Janeiro de meados do século XX. O filme de Bruno Barreto se passa durante os anos 50 e 60, quando a cidade vivia intenso período de expansão ao incorporar diferentes modelos de arquitetura e construir novos cenários e espaços. O longa registra esse ambiente de transformação da cidade através de um cuidado estético, recriando locais e adaptando cenários através de efeitos especiais e intervenções técnicas.

Para representar a época em questão, “Flores Raras” contou com o trabalho de parceria entre fotografia e direção de arte. O longa retrata a relação de amor entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares e a poeta americana Elizabeth Bishop. “Flores Raras” não abandona releitura fiel dos lugares pelos quais a história de amor das duas se passou. A Região Serrana fluminense, a cidade de Nova York e o próprio Rio de Janeiro foram recriados cuidadosamente no longa.

Lota, que é interpretada por Gloria Pires, foi idealizadora do Parque do Flamengo. Para recriar o momento de construção do Parque, por exemplo, a equipe do filme foi gravar numa fazenda localizada no bairro do Recreio, Zona Oeste do Rio. O espaço tem uma enorme área aberta, que remete ao local que estava sendo construído. A equipe gravou na fazenda e em seguida no próprio Aterro do Flamengo, fazendo a junção dos espaços na pós-produção e dando a ideia de volta no tempo.  Segundo Mauro Pinheiro, diretor de fotografia do filme, o posicionamento de câmeras no espaço recriado foi tamanho, que até o movimento do sol foi estudado e representado na posição certa:

"Vivi muito tempo no Flamengo, então o parque sempre foi familiar pra mim.  O sol no parque nunca está à direita do Pão de Açúcar, por exemplo. Tivemos essa preocupação de encaixar esse espaço na rota do sol e quando formos ao Aterro filmar o mar e o entorno, tínhamos essa correspondência", detalha o fotógrafo.

Pinheiro conta que a opção por planos abertos ajudou a ilustrar esses espaços pelos quais o filme remetia. Segundo ele, quem assiste a “Flores Raras” vivencia o romance das duas personagens sem estar inserido num contexto claustrofóbico. O espectador é apresentado a uma grande quantidade de paisagens recriadas. O diretor lembrou ainda, que muitas cenas de continuidade precisaram de recursos digitais para alcançarem resultado. Mauro Pinheiro  citou o exemplo de um jardim, que não poderia ser destruído e acabou apagado através de efeitos especiais.  Ele acredita que o trabalho conjunto da fotografia com a direção de arte do filme foi fundamental na recriação desses espaços específicos. Para o fotógrafo, é impossível inclusive demarcar onde um dos departamentos deixa de interferir no que é definido pelo outro.

"Esses dois departamentos ficam misturados. Era um trabalho muito difícil e entrava esse terceiro elemento dos efeitos digitais. O jardim da casa da Serra não podia ser destruído, mas no começo do filme ele está em construção, então foram os efeitos que o derrubaram. Tinha a luz, a arte e os efeitos com os três aspactos caminhando juntos".
Em parceria com o trabalho realizado por Mauro na fotografia, a direção de arte de “Flores Raras” foi comandada por José Joaquim Salles. O diretor de arte reforçou que o uso de efeitos especiais foi fundamental para a releitura da época. Para ele, a ambientação de “Flores Rarars” para o período antigo aconteceu graças a uma cooperação mútua de seu departamento aliado ao de fotografia e também ao trabalho do diretor Bruno Barreto. Salles relembrou as dificuldades de preservar os espaços da época do filme e, em sua opinião,  o maior desafio estético ao voltar no tempo foram as variações da moda ao longo dos anos, que acaba transformando o que é antigo em atual. Segundo Salles, muitos elementos da década de 50 como móveis e artigos do gênero voltaram a ser usados hoje em dia."Um problema grande foi que tem muita coisa que voltou a ser moda hoje em dia, então, por mais que tivesse a ver com a época, ainda ficava com cara de atual. Tivemos que nos desdobrar e procurar outras referências para fazer o ambiente ter cara de anos 50 e 60", observa o diretor de arte.

“Flores Raras” estreou nos cinemas no último dia 16. O longa, que segue em cartaz em todo o país, é uma coprodução Globo Filmes.

Fonte: Globo Filmes

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